quarta-feira, 15 de agosto de 2012


De todas as cenas por mim vivenciadas, de todas as histórias e estórias por mim contadas, guardo em meu coração apenas as que hoje me agradam. Prefiro esconder de mim a tristeza a vivenciá-la em forma de martírio novamente.
Sou de inteiro sincera, porém devo admitir que nem sempre sou plena de verdade com as coisas as quais quero me libertar.
É estranho como posso ainda me magoar por coisas que já cometi, que já passaram. Essa perfeição utópica é que me distancia cada vez mais do meu eu. Finjo para o espelho o que gostaria de ser e, nesse teatro, por vezes maldoso, é que tento esconder as incertezas do cotidiano. Nesse julgamento insano que não nos permite refazer as falas ‘mal-ditas’, os tropeços e más interpretações feitas, julgamos uns aos outros da forma que nem nós nos perdoamos.
Lamentações surgem no intuito de apagar a chama da incompreensão e, de nada adianta, pois as marcas são sempre maiores do que as próprias conseqüências.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre Mentiras e Rolhas



Se eu fosse fazer uma analogia ao que dizemos e fazemos, certamente a compararia a uma rolha, uma rolha no imenso mar da vida.
Uma rolha fica submersa em uma parte, representamos o que queremos esconder, uma mentira. E uma parte fica visível a todos, como se quiséssemos mostrar o que temos de bom, a verdade. Eu e você, assim como todos, já tivemos ora a rolha toda submersa, ora toda à mostra, portanto, temos o discernimento de saber, quando outrem está tentando se esconder ou se mostrar.
Na maioria do tempo a rolha fica flutuando, metade submersa, metade não, por isso que em tudo que dizemos há uma dupla interpretação. O que é verdade para nós, pode não ser para alguém, por isso mesmo que sejamos sempre verdadeiros, há alguém pensando que estamos fingindo. Da mesma forma, somos constantemente enganados, pois em alguns momentos só conseguimos ver a parte verdadeira da pessoa, conhecemos uma pessoa somente superficialmente.
E para que possamos seguir cada vez mais imersos na vida, temos que ter o peito e os braços abertos, nesse momento é que a mentira pesa. Enquanto mentimos, estamos empurrando a rolha enorme para baixo, a fim de esconder. Essa atitude nos impede que possamos nadar adiante e faz com que gastemos energia de forma inútil. É o que vemos por aí todos os dias, pessoas paradas, estagnadas, justificando no mundo a sua incapacidade de prosseguir.
Assim como tudo que é empurrado para abaixo da água, há uma força contrária, o empuxo, nos lembrando que não é possível viver escondendo o erro. E quando esse vem à tona, sua força é muito maior.
Portanto, a melhor coisa que temos a fazer, é corrigir e não esconder, pois todos nós erramos, e todos percebem quando algo não está certo. Se sua vida não vai para frente, tente rever seu passado, você pode estar preso sem perceber àquela semana daquele deslize, àquela frase incompleta ou àquele fato omitido. Precisamos ser maduros e considerar nossa responsabilidade diante de tudo, ter consideração, honestidade e respeito diante do outro. É feio errar, mentir, mas mais feio ainda é não ter a humildade de admitir e consertar.