Se eu fosse fazer uma analogia ao
que dizemos e fazemos, certamente a compararia a uma rolha, uma rolha no imenso mar da
vida.
Uma rolha fica submersa em uma
parte, representamos o que queremos esconder, uma mentira. E uma parte fica
visível a todos, como se quiséssemos mostrar o que temos de bom, a verdade. Eu
e você, assim como todos, já tivemos ora a rolha toda submersa, ora toda à mostra,
portanto, temos o discernimento de saber, quando outrem está tentando se
esconder ou se mostrar.
Na maioria do tempo a rolha fica
flutuando, metade submersa, metade não, por isso que em tudo que dizemos há uma
dupla interpretação. O que é verdade para nós, pode não ser para alguém, por
isso mesmo que sejamos sempre verdadeiros, há alguém pensando que estamos
fingindo. Da mesma forma, somos constantemente enganados, pois em alguns
momentos só conseguimos ver a parte verdadeira da pessoa, conhecemos uma pessoa
somente superficialmente.
E para que possamos seguir cada
vez mais imersos na vida, temos que ter o peito e os braços abertos, nesse
momento é que a mentira pesa. Enquanto mentimos, estamos empurrando a rolha
enorme para baixo, a fim de esconder. Essa atitude nos impede que possamos
nadar adiante e faz com que gastemos energia de forma inútil. É o que vemos por
aí todos os dias, pessoas paradas, estagnadas, justificando no mundo a sua
incapacidade de prosseguir.
Assim como tudo que é empurrado
para abaixo da água, há uma força contrária, o empuxo, nos lembrando que não é
possível viver escondendo o erro. E quando esse vem à tona, sua força é muito
maior.
Portanto, a melhor coisa que
temos a fazer, é corrigir e não esconder, pois todos nós erramos, e todos
percebem quando algo não está certo. Se sua vida não vai para frente, tente
rever seu passado, você pode estar preso sem perceber àquela semana daquele
deslize, àquela frase incompleta ou àquele fato omitido. Precisamos ser maduros
e considerar nossa responsabilidade diante de tudo, ter consideração,
honestidade e respeito diante do outro. É feio errar, mentir, mas mais feio
ainda é não ter a humildade de admitir e consertar.