quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A despedida do amor



Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo

Martha Medeiros

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sabe quando você acha uma música onde menos imagina? Essa foi assim...
Os Paralamas Do Sucesso
De Perto

Não quero estar
Neste lugar
E ver você partir
Eu quero te esperar
Aonde você quer ir

Te receber
Te acomodar
Te oferecer a mão
Poder cantar
Te acompanhar ao violão

Quero te ver de perto
Quero dizer que o nosso
Amor deu certo

Não sei viver
Só e sem sonhar
Sem fé, sem ter alguém

Faz tempo que eu te espero
Eu te quero bem
Sonho em fazer
Pro nosso amor
Uma bela canção
Que me traga
Paz sem culpa ao coração

***
"O que fazer quando estamos perdendo o que mais amamos? Alguns ficam paralisados, outros recuam. O que você faria? Reconquistaria quem mais ama? Lutaria pelos seus ideais? Romperia o cárcere do medo? Correria riscos ou ficaria na platéia esperando um milagre? Insisto em repetir: somos treinados para sermos espectadores, e não atores principais. Mas se reagirmos, a vida se tornará um espetáculo maravilhoso." Augusto Cury em "Seja líder de si mesmo"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Por que a gente é assim?

Como eu fiz o blog para guardar as coisas que um dia vou querer reler, possivelmente, os autores favoritos serão repetidos. Ultimamente tenho lido muito Gabito Nunes, autor que atinge o patamar máximo de leitura: fazer com que o leitor se identifique com o texto. Quando passo algum texto dele para alguma amiga, sempre escuto "Nossa, parece que fui eu que escrevi... Ele disse exatamente o que estou pensando". É isso o que faz ele ser tão fantástico para mim.
Ele escreveu dois livros, um publicado "A Manhã Seguinte Sempre Chega" (estou louca para adquirir o meu) e outro digital, "O Tudo que Sobrou".
Lendo o texto dele de hoje, mais uma vez me surpreendi e, quero guardar nas "coisas a serem lembradas".

Por que a gente é assim?
Não sei se você faz isso só pra me irritar ou com intuito de ser convidada pela Ana Maria Braga pra falar sobre desrespeito e promiscuidade. E sei que o convencional seria você me dar uma satisfação sobre onde dormiu ontem e com quem, mas nunca pensei que fosse um dia capaz de dizer isso: não estou nem aí, contanto que você não pareça tão insossa nos próximos dias. Amarga ou azeda, seu gosto não tem sido muito bom.

Verdade, tem a questão do seu trabalho novo. A pressão dos sócios majoritários, os sem-número de relatórios pra ontem, sua colega responsável por cobrar os clientes que acaba fazendo disque-sexo com eles. Já sei da lenga-lenga de trás pra frente, mas, quer saber? O mundo inteiro se levanta cedo e nem todos esquecem o caminho de volta, e tampouco usam a rotina como álibi pra fugir de casa com um de seus superiores ou o rapazola do setor de cópias, o que vier primeiro.

Eu costumava rir na cara dos casais se apaixonavam, e apaixonados decidiam morar juntos. Como pode no fim dar certo um relacionamento que começa com noites insones e perdas de apetite? Aí mudei de ideia - fracos somos nós que nos entregamos a amores sem sal, e pra temperar as coisas terceirizamos o contato físico com amantes mais sem gosto ainda, embora dispostos e desesperados a nos dar tudo que a gente acha que precisa fazer, o que a gente acha que precisa sentir.

Hoje invejo os piegas. Pra ser honesto, preferiria ter andado apaixonado e fora de moda, que fashion e frustrado por aí, como agora. Eles parecem mesmo presos, mas presos por aquele tipo birrento e obstinado de nó, o nó invisível. São a maioria formada por últimos românticos, que secretamente lembram do outro com canções do Bryan Adams. Eles também brigam, batem portas e saem por aí. Mas voltam rindo da cara um do outro, se aninham e dizem coisas como "não consigo ficar braba contigo".

São do tipo que vivem no mundo da lua de mel, e nem dão pelota para as estatísticas de infidelidade, às incidências de "mal-me-quer", a filosofia líquida de Zygmunt Bauman. Ele não está com ela pela bunda grande e a cintura fina. Ela não o ama porque tem emprego fixo e o cabelo do Orlando Bloom. Eles se gostam e ponto. Não se juntam porque é tempo de gostar, porque encontraram quem tanto perseguiam, por insistência, estratégia, conveniência ou negociação. Eles sabem que a vida ata os laços só pra quem oferece os pulsos.

Eles sofrem de paixão, aquele empurrão violento inicial que os casais precisam pra ganhar fôlego e resistência quando as primeiras barreiras tentam impedi-los de se movimentar. E quando a energia provocada por essa trombada inaugural se esgota, e eles se veem num estágio semelhante a um fim, param e analisam o que restou.

Eles podem notar que têm algo muito estranho ou algo mais ou menos ou algo diferente, mas eles sempre têm algo. Nunca olham em volta e sentem o que existe como absolutamente nada, como eu e você. Eu queria ser chantageado pelo implacável amor verdadeiro, e ser obrigado a viver uma história de verdade.
Gabito Nunes
Avril Lavigne - What The Hell