quarta-feira, 14 de setembro de 2011


Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.
Caio Fernando Abreu

terça-feira, 13 de setembro de 2011


Já passou o tempo que eu vivia com pouco, me acostumava com restos, vivia pela metade.
Chega uma época da vida que é necessário se pensar mais o que deseja ser: coadjuvante de uma vida sem emoções ou artista principal de um grande espetáculo.
É indispensável rever opiniões, desfazer, fazer e refazer conceitos. É necessário considerar mais a magia, mais a imaginação, dar valor aos sonhos ainda não realizados e se alegrar com os já conquistados.
É preciso se doar mais e ser menos egoísta. Esquecer pequenas desavenças, tolerar mais, compreender mais e esquecer o mais depressa possível.
A vontade íntima de ser feliz deve tomar conta do seu dia, da sua semana, da sua vida.
Queira estar bem, esse é o primeiro passo para a realização pessoal.
Respeite seus limites, se alguém exige que você se doe mais do que acha saudável, repense. Repense se SEUS sonhos cabem na sua relação e se ela realmente te faz feliz.
Não chore por perder alguém, tudo acontece da forma que deve acontecer. Se você se sente triste, por não saber como escrever o fim de algo que foi importante, tenha a esperança que milhares de coisas boas estão para acontecer, basta você ter a coragem necessária para tomar a atitude certa.


“Se existe alguém que pode machucar você, também existe alguém que pode curar suas feridas” 
Clarice Lispector

quinta-feira, 8 de setembro de 2011


"Eu ainda não sei controlar direito
a natureza exuberante e maravilhosa
que existe dentro de mim.
As árvores da minha bondade
ainda não dão frutos cem por cento doces.
O rio dos meus pensamentos,
ainda não despoluiu totalmente."

 Nando Cordel

sexta-feira, 2 de setembro de 2011


Você, de tempos em tempos, pensa ser o pior ser do mundo, julga suas ações como sendo realmente ruins, suas atitudes errôneas e seus pedidos tolos.
Você vê que precisa mudar, que precisa se adaptar, ou senão perderá a pessoa que tanto ama. Até aí tudo bem. Você muda, se adapta, tenta fazer de tudo para que a relação caminhe a 1000 maravilhas, mesmo tendo a certeza que nenhuma relação é perfeita.
Em outro dia, pede que a pessoa mude, baseada nas mesmas cobranças que ela lhe fizera. Ela concorda. Passam-se os dias, semanas, meses. Tudo igual.
Aos poucos, de pedaço em pedaço seu coração começa a ser esvaziado, mas quem liga?! Afinal, quando isso é trazido a tona, vira revanche infantil “eu também estou deixando de te amar aos poucos com essas suas atitudes”.
E mais um tempo depois, você começa perceber que aquela necessidade de ter tal pessoa ao seu lado vai se esvaindo, aquela vontade imensa de ser companheira para uma volta, ou para a festa entediante da tia-avó, passa.
Aí vem o lado contrário: só de imaginar não ter aquela pessoa ao lado, você já tem um aperto no peito, sua frio, passa mal.
Você vive sob o medo, sem refletir. Passa a tratar bem na esperança de que o amor vence tudo. Mas não há mais amor aí!
O amor se transformou em um sentimento que ninguém consegue explicar e, que até hoje liga pessoas internamente infelizes.
Refletindo é possível ver que aquela pessoa deixou de te amar a muito tempo (cego de amor!?). No momento que seu amor começou a morrer, ela estava lá, tratando você da forma a qual nenhuma pessoa que realmente ama trataria. Foram vários os sinais: a falta de diálogo, os muitos xingos, a falta de tolerância e compreensão para seus pequenos erros e falta de consideração pelos muitos momentos aos quais você esteve, ao lado dela, cuidando e amando.
Nada mais importa, toda briga é sua culpa, e todos os dias existem brigas. Você chora de dó, de raiva, de indignação, e a pessoa, tranqüila - ninguém se importa com quem não se ama mais.
Ainda sabendo que possui qualidades inúmeras, se porta como a pessoa mais perdedora do mundo, se entristece ao pensar em seus erros e como faz tudo errado. Fica importando-se para uma pessoa a qual você não tem o mesmo valor.
Você não gosta mais dela, sabe o que você sente? Uma dor enorme, por perder aquele sentimento que te fez mudar, que fez você deixar coisas para trás, que fez você AMAR, amar com todas as suas forças, com toda sua vontade e entusiasmo. Aceitar que errou na escolha, admitir que aquele “te amo pra sempre” não se concretizou, dói muito, dói de verdade, mas a culpa não é sua!
Por vezes você não foi a namorada ideal, teve TPM, crises nervosas e de ciúme, falou o que não devia, deixou a desejar. Todo mundo é assim, em alguma coisa, inclusive a pessoa pela qual você se apaixonou.
Viver com uma pessoa só pelo medo de não encontrar outra, pelo comodismo, não dá!
Se você acha que é passageiro, tenha paciência. Se isso já faz parte da sua vida há muito tempo, reflita internamente, faça o melhor para sua felicidade.

Texto baseado em “A despedida do amor” de Martha Medeiros